O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma declaração polêmica nesta sexta-feira (18), ao afirmar que o sistema brasileiro “prefere vê-lo morto a vê-lo preso”. A fala foi dada em entrevista à agência Reuters, no contexto de mais uma operação da Polícia Federal (PF), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da investigação sobre tentativa de golpe de Estado.
Segundo Bolsonaro, ele não teme a morte e já passou por situações de risco. “Eu preso vou dar problemas para eles. Não, eu já passei pela morte mergulhando, saltando de paraquedas e na facada. Eu acho que ninguém quer morrer, eu não sou um suicida. Eu não sou imortal. E sempre digo uma obviedade: que, quando o ser humano consegue entender que ele é mortal, ele muda seu comportamento”, afirmou.
Durante a operação, a Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão: um no escritório do PL, localizado na sede do partido, e outro na residência de Bolsonaro, no Jardim Botânico, em Brasília. Na ocasião, foram apreendidos dinheiro em espécie, um celular e um pendrive.
O ex-presidente alegou nunca ter visto o item e sugeriu, inicialmente, que o pendrive poderia ter sido plantado pelos investigadores. “Uma pessoa pediu para usar o banheiro, quando voltou, estava com o pendrive na mão. Eu nunca abri um pendrive na minha vida. Eu nem tenho laptop em casa para mexer com isso. A gente fica preocupado”, disse aos jornalistas.
Mais tarde, Bolsonaro recuou da insinuação e afirmou que não estava “sugerindo nada”. “Fiquei surpreso. Vou perguntar para a minha mulher se o pendrive era dela”, concluiu.
🔍 Análise rápida da fala
A declaração de Bolsonaro segue uma estratégia política já conhecida: o uso da retórica de confronto, vitimização e criação de um inimigo difuso — neste caso, “o sistema”. Ao dizer que seria mais vantajoso vê-lo morto do que preso, o ex-presidente tenta mobilizar emocionalmente seus apoiadores mais fiéis e deslegitimar as ações da Justiça.
Esse tipo de discurso reforça a polarização e pode tensionar ainda mais o ambiente político e institucional. A menção à morte, combinada com insinuações sobre perseguição e manipulação de provas, serve como tentativa de fortalecer sua narrativa de injustiçado, mesmo diante de investigações sérias e fundamentadas.
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